domingo, 15 de janeiro de 2012


BUTOH - TEATRO DANÇA

sábado, 14 de janeiro de 2012

Tenho a sede de quem nunca
bebeu...
Tenho
pedra canga como cama & na ramada
espojo meu cio, cadela
borrada, face de cera arreganhada p’ro sol...

amanhecida de leite, ardida por dentro, mergulhada no zero,
desmaiada no azul.

João Pede Feijão

CONTO


Tomo um remédio que me deixa feliz... e brocha. É um anti-depressivo muito comum. Um quimico que age de um jeito técnico e dificil na serotonina da minha cabeça. Não entendo direito porque me sinto tão feliz. Nenhum corpo me excita, nenhuma calçada muda o tom acinzentado, nenhum buraco de asfalto some, nenhum barulho de motor se cala... e ainda assim me rio das coisas como um idiota. Penso: "como estou atolado na merda" e mergulho numa gargalhada sem limite, de modo que as vezes me engasgo para um acesso de tosse comprida. Meu sono está leve, muito leve, os mosquitos nem conseguem se alimentar de mim em paz, para mim eles parecem helicópteros numa guerra e os contra ataco com tabefes. Durmo mal, mas acordo na hora com uma disposição que não sei se posso chamar disposição, é mais uma resignação, um ir sem vontade mas ir, por pura fatalidade.